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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Muito Obrigado por tudo “Zé” Teixeira

Estou aqui a escrever-vos estas linhas para vos falar de um tal de José Ribeiro Teixeira (29.03.1962 – 09.11.2008). Sim, quem era na verdade esse Sr. José Teixeira, para quem não teve a sorte de o ter conhecido? Eu vou-vos falar da minha experiência própria e mostrar-vos a minha visão que tenho das coisas, não sei se muitos irão partilhar da mesma opinião. Eu arriscaria a dizer, sem qualquer tipo de dúvida, que sim.
Ora eu conheci o Sr. José, ou o “Zé da Caixa Agrícola” como também vulgarmente muita gente o conhecia, tinha eu uns 12 anos (foi portanto há uns valentes 17 anos, pois actualmente tem 29) na época e ele curiosamente a mesma idade que eu tenho agora actualmente. Lembro-me de lá ir à então Caixa de Crédito Agrícola Mútua de Arouca (hoje apenas designada por CA – Caixa Agrícola) acompanhando a minha mãe, pois eu com 12 anos ainda não tinha lá conta, nem lá nem noutro banco qualquer, contas só as da escola e nada mais, outros tempos. E de olhar para trás do balcão e ver além dos senhores Manuel Duarte e Mário Rui Almeida (actual Presidente da minha Junta de Freguesia), via também um senhor por sinal muito simpático, com muitos bons modos, atencioso, muito bem-educado e sempre cumpridor do seu dever enquanto funcionário daquela instituição, com um papel e postura irrepreensível. Mas a sua vida não se resumia a apenas lá, é que fora de lá havia um homem, um pai de família, marido dedicado, a política, o associativismo… Em suma, um ser humano sociável, muito ocupado e preenchido, com alguns cargos e responsabilidades daí inerentes e muito popular (pois andava no meio do povo, sentia-se bem com as pessoas). Com o passar dos anos eu fui crescendo e envelhecendo (tornei-me adulto), assim como todo o ser humano que está vivo e vai envelhecendo com o dia-a-dia, com o passar dos anos e foram 17 anos, o que é bastante tempo. Nesse tempo eu fui conhecendo cada vez mais e mais o Sr. José, o que estava por detrás daquele homem que durante o horário laboral estava ali atrás daquele balcão sempre disponível a atender todas aquelas pessoas que ali se dirigiam para os mais variados assuntos e ele lá tentava solucionar o “problema” ou encaminhá-los na direcção certa. Já nos conhecíamos de vista, eu sabia quem ele era e ele a mim também, começando com um “bom dia, boa tarde” até nos irmos falando com mais frequência e também com muitas mais palavras.
Então há dois anos para cá tudo ficou mais próximo, víamo-nos com mais frequência, nas duas associações que eu representava na época (primeiro a A3 e depois também o GCU) originou tal facto. Aquando da abertura da minha conta na CA e como membro da A3 íamos dialogando quando nos víamos lá na CA. Mais tarde quando entrei para os quadros da sua Associação, do GCU na parte do Futsal então aí cresceu ainda mais a nossa amizade, pois ele era dos dirigentes mais fortes do GCU. Eu via nele um “Chefe”, (mas um Chefe à altura, que não interferia em nada e nos dava liberdade para agirmos, o Futsal era nosso, podíamos trabalhar à vontade, era à confiança) pois conhecia-o bem como pessoa, não pelo convívio que esse era muito pouco mas pelo acompanhamento e observação que vinha fazendo em mais de 15 anos e pela postura que ele sempre teve para com as pessoas, para com os outros, para com o seu semelhante. Quando ia à CA e ele mal me via, dizia-me logo “Éh Garrido, por aqui, então tudo bem? Tás bem disposto? Para que era, que querias?” E eu pensava para comigo “bem, está a fazer o trabalho dele, a sua obrigação, é o que se costuma dizer! Mas não, na verdade a maneira como me atendia (a mim como a muitos outros que lá se dirigiam, sim porque eu não sou mais do que ninguém, nem privilegiado) era única e fazia-nos sentir que valia a pena ali irmos, recebia-nos com a sua simpatia e… simplicidade. E já que falo em simplicidade, aproveito para aprofundar um pouco esta qualidade que ele tinha. É que essa era uma das suas qualidades, das suas virtudes que faziam dele um bom homem e o tornaram num ser diferente e único. Onde quer que me visse, na rua, no supermercado, fosse onde fosse, lá me cumprimentava, acenava com a cabeça ou com a mão, proferia uma palavra ou outra… E mania? Esse mal crónico, se a tinha não sei, só sei que nunca lha vi, nunca se esquecia da gente e tinha sempre tempo para “nos dizer olá”. Tempo esse que muitos alegam não ter, que “ó pá, não sei, não te vi, estava com pressa”, mas será que a pressa nos serve sempre de desculpa para podermos cometer estes actos? E para quê a pressa, ou melhor, tanta pressa, se de hoje para amanhã já não estamos aqui, não falamos com quem devemos, não ligamos a quem devemos ligar e não lhe damos a devida importância. Será porque o essencial é invisível para os olhos? Talvez ou talvez não!
Mas lembro-me bem da última vez que falei com ele, foi antes cerca de um mês daquele fatídico dia. Em que eu vinha a pé no sentido do ‘Quartel da GNR’ para a ‘CMA’ e em frente à ‘Movilar’ quando me preparava para atravessar na passadeira avistei o Zé juntamente com o seu filho mais velho, o Zé Eduardo Teixeira, o qual ainda não conhecia. Eles estavam também a pé e na parte de fora do “Manjar”, mal me viu, como de costume levantou de imediato a cabeça acompanhado de um pequeno gesto com a mão. Ia a caminhar em direcção ao Pingo Doce, com a tal pressa que não o impediu de me cumprimentar nem de me dispensar uns minutitos de conversa. Eu atravessei a estrada e disse “Éh Sr. José, era mesmo consigo que eu queria falar”, ao que ele me respondeu “Ai sim, então porquê, ora diz lá?” E eu lá aproveitei para “aliciá-lo” a ver se me “vendia o passe” do seu filho mais novo, o João de 9 anos. Lá lhe expliquei que estava a fundar uma Associação Juvenil, a A. J. ENERGIA POSITIVA, juntamente com pessoal das freguesias do Vale de Arouca (Várzea, Urrô e Stª Eulália), que já vinha fazendo Treinos desde Setembro e que gostaria muito de poder contar com o Joãozito para o Torneio de Verão ’09 da CMA. Ele lá me disse “Olha, mas isso é mesmo só com ele, como tu já deves de saber ele está no Centro Juvenil e eles depois é que lá fazem as equipas no Verão e é que os escolhem: E se queres que te diga nem sei por quem é que ele quer jogar, sei que ele joga a médio, pelo menos é o que me diz. Tu vai falando e na altura vê-se. Bem, agora tenho de ir aqui ao Pingo Doce”. E eu na boa “Ok, sr. José, até uma próxima, a gente vai-se falando”, mas por ironia do destino, não houve uma próxima, a fatalidade assim o não quis e o não permitiu.
Eu só soube do sucedido na segunda-feira, no dia seguinte à tragédia. Fiquei muito triste e abalado, mas por um lado caí logo em mim e aceitei de pronto porque já me tinham dito uma vez “olha, parece que fulano se sentiu mal, assim-assim porque sofre do coração e como essas emoções agravam o seu estado…”. E então quando me deram a notícia do seu desaparecimento, mesmo antes de ver o respectivo papel informativo do funeral, eu disse logo “Pronto, foi verdade” e conformei-me de imediato, caso não soubesse dos antecedentes, nunca me conformaria nem acreditaria em tal notícia. E na altura o que me veio à cabeça foi “Caramba, ele também já não sabia, óh fez asneiras, não devia de ter ido ao Estádio”, mas nunca em tom de o crucificar nem de o condenar, mas sim naquele sentimento de revolta e de pensar “Fogo! Se não tivesse ido, em princípio hoje ainda estaria vivo” mas isso só Deus o sabe e o poderá dizer. Aquilo foi o destino que o levou, já estava escrito e traçado, nada havia a fazer. O Céu deve de estar mesmo pobre para chegar a este ponto de andar nesta busca incessante de levar Anjos para lá. Só neste ano de 2008 está a ser péssimo, pois tenho visto muito boa gente partir e da qual nunca estaria à espera nem faria prever, uma vez ser de forma tão repentina.
Mas que dá que pensar, lá isso dá. E verificamos que o ditado que se diz, afinal tem a sua lógica, “os bons é que vão primeiro, enquanto que os ruins, fracos é que ficam aqui a infernizar a vida dos outros”. Claro que não pedia que fosse outro ser na sua vez mas ver esse Bin Laden ou outros como ele, de fraco carácter que se fartam de fazer o mal aos outros, de os fazer sofrer e estão na maior. E quem dedica a sua vida aos outros, no associativismo assim como noutras causas, tão úteis, necessárias e importantes que o são para este mundo, é que sofrem e é que desaparecem!
À família do malogrado extinto apresento aqui os meus pêsames, lamento imenso o infortúnio, mas são coisas da vida e neste momento de grande consternação e dor por quem ainda só partiu à pouco mais de um mês e a quem com toda a certeza o tempo não ajudará nunca a esquecer, apenas a remediar, a nos conformar, a ganharmos forças para continuarmos a caminhar em frente, pois tenho certeza que era assim que ele via a vida, sendo um homem bom e forte, de coração bom, o mesmo que o atraiçoou num momento de fraqueza. O mesmo vale para os inúmeros amigos (que ele tinha e que soube granjear ao longo da sua ainda curta mas muito preenchida vida) que sentem a sua falta, expresso os meus votos de solidariedade para com eles. Aproveito também para pedir desculpas à família, embora já o tenha feito ao Zé Eduardo, mas faço-o mais uma vez, pela impossibilidade de ter estado presente no Funeral do seu pai assim como nos momentos que o antecederam. Mas é que aconteceu tudo tão rápido que me apanhou desprevenido e sem reacção possível e depois na hora do Funeral não estava por perto nem tinha possibilidade de estar presente, só cheguei a Arouca às 16h (e o Funeral era às 15h) para grande tristeza minha.
A Homenagem que a ACD URRÔ Futsal Clube fez no passado dia 29 de Novembro ’08, no Pavilhão Municipal de Arouca, foi mais do que merecida, espelha bem aquilo que ele era, foi e ainda significa para todos nós que tivemos o privilégio de o ter conhecido e com ele convivido: “Zé, obrigado por ter existido, por todo o bem que nos fez e nos trouxe e pelas alegrias que nos deu”.
Estas meras palavras que aqui deixei são algumas das palavras que poderia ter-lhe transmitido mas que nunca o fiz, o destino não o permitiu, às vezes a vida é mesmo assim, injusta. Mas podemos sempre recordá-lo e nunca chorar porque acabou mas sim sorrir porque aconteceu. Rui Pedro da Silva Garrido

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